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Era uma vez um casal humilde que vivia em uma casinha modesta, perto de um jardim encantado pertencente a uma poderosa feiticeira chamada Dame Gothel. Esse jardim era repleto de plantas exóticas e mágicas, que a feiticeira cultivava e protegia com muito zelo. O casal desejava muito ter um filho, mas, por anos, seus pedidos pareciam não ser ouvidos. Quando a esposa finalmente ficou grávida, os dois ficaram radiantes. No entanto, durante a gestação, a mulher começou a sentir um desejo estranho e intenso por uma planta específica que crescia no jardim da feiticeira, chamada rapúncio, que era uma espécie de erva de folhas verdes e frescas.

Todas as manhãs, a esposa espiava os rapúncios do jardim e sentia uma vontade incontrolável de provar suas folhas. Ela dizia ao marido que, se não pudesse comer o rapúncio, talvez não sobrevivesse à gravidez. Desesperado para ajudá-la, o marido decidiu que, ao cair da noite, entraria no jardim da feiticeira e colheria um pouco do rapúncio.

Naquela mesma noite, com o coração acelerado e os passos leves, o homem escalou o muro alto que cercava o jardim, pegou um punhado do rapúncio e voltou para casa. A esposa comeu as folhas com grande prazer e sentiu-se melhor. No entanto, no dia seguinte, a vontade voltou ainda mais forte. Ela pediu ao marido que trouxesse mais rapúncio, e ele, desejando o bem-estar da esposa, novamente escalou o muro e colheu um pouco mais da planta.

Dessa vez, no entanto, ele foi surpreendido por Dame Gothel, que apareceu de repente, surgindo das sombras do jardim como um vulto.

– Como ousa invadir meu jardim e roubar meus preciosos rapúncios? – gritou a feiticeira, com uma voz fria e ameaçadora.

O homem, apavorado, caiu de joelhos e implorou por perdão, explicando que sua esposa, grávida, desejava desesperadamente a planta e que ele temia pela vida dela. Dame Gothel, ao ouvir a explicação, ponderou por um momento e, com um olhar calculista, ofereceu-lhe um acordo.

– Muito bem – disse ela. – Vou permitir que leve o rapúncio para sua esposa, mas, em troca, quando a criança nascer, você deverá entregá-la a mim.

O homem ficou horrorizado, mas, com medo do poder da feiticeira e sem outra opção, acabou aceitando o acordo. Quando a filha nasceu, Dame Gothel apareceu imediatamente. A feiticeira tomou a criança nos braços e a chamou de Rapunzel, em homenagem ao rapúncio que a mãe dela tanto desejara.

A feiticeira criou Rapunzel como se fosse sua própria filha, mas com grande rigidez e isolamento. Rapunzel cresceu e tornou-se uma menina de beleza rara, com cabelos longos e dourados que brilhavam ao sol. Ao completar doze anos, Dame Gothel, temendo que alguém pudesse vê-la, decidiu esconder Rapunzel em uma torre alta no meio de uma floresta densa. A torre não tinha portas nem escadas, apenas uma janela no alto. A única forma de entrar era através dos cabelos de Rapunzel, que a feiticeira usava como uma corda.

Toda vez que queria visitar Rapunzel, Dame Gothel se posicionava ao pé da torre e chamava:

Rapunzel, Rapunzel, jogue suas tranças para que eu possa subir!

Rapunzel, obediente, soltava suas longas tranças pela janela, e Dame Gothel escalava até o topo da torre usando os cabelos da jovem. Rapunzel cresceu isolada do mundo, conhecendo apenas o interior da torre e as histórias que Dame Gothel lhe contava. Para passar o tempo, ela cantava, e sua voz era tão bela que até os pássaros da floresta se aproximavam para ouvi-la.

Certo dia, um príncipe que passava pela floresta ouviu a voz doce e encantadora de Rapunzel. Intrigado e fascinado, ele seguiu o som até chegar à torre. Ele se escondeu entre as árvores e observou quando Dame Gothel chegou e chamou por Rapunzel. Para a surpresa do príncipe, ele viu a jovem baixar suas tranças douradas e a feiticeira subir por elas. Encantado com a cena e curioso sobre a jovem na torre, ele decidiu voltar no dia seguinte.

Quando Dame Gothel se foi, o príncipe se aproximou da torre e chamou, imitando a voz da feiticeira:

– Rapunzel, Rapunzel, jogue suas tranças para que eu possa subir!

Rapunzel, ouvindo o chamado, soltou as tranças pela janela, e o príncipe subiu. Ao ver um estranho em vez de Dame Gothel, Rapunzel ficou assustada, mas o príncipe rapidamente explicou que havia sido atraído por sua bela voz. Ele lhe falou do mundo lá fora, dos campos, das vilas e dos castelos. Com o tempo, os dois se encontraram repetidas vezes, e uma amizade profunda floresceu entre eles, logo se transformando em amor.

Rapunzel, que nunca conhecera outra pessoa além de Dame Gothel, sentia seu coração bater mais forte ao ver o príncipe, e ele a amava por sua bondade e inocência. Ele prometeu a Rapunzel que, um dia, a levaria para fora daquela torre e que eles poderiam viver juntos e felizes.

Certo dia, sem perceber o perigo, Rapunzel, distraída, disse a Dame Gothel:

– É engraçado, Dame Gothel. O senhor príncipe sobe pela minha trança muito mais rápido que você!

Dame Gothel ficou furiosa e percebeu que Rapunzel estava escondendo algo. Ela gritou, traindo sua raiva:

– Ah, então você me traiu, Rapunzel! Como ousa?

A feiticeira, em um acesso de ódio, cortou as longas tranças douradas de Rapunzel e a exilou em um deserto distante, onde ela teria que sobreviver sozinha. Dame Gothel então prendeu as tranças de Rapunzel na janela e esperou pelo príncipe.

Quando o príncipe chegou naquela noite e chamou por Rapunzel, Dame Gothel jogou as tranças para ele subir. Ao alcançar o topo, ele encontrou a feiticeira, que o encarava com um olhar sombrio e cheio de malícia.

– Você nunca mais verá Rapunzel! – exclamou Dame Gothel. E, em um ato cruel, ela empurrou o príncipe da torre.

O príncipe caiu nos espinhos lá embaixo, que feriram gravemente seus olhos, deixando-o cego. Com o coração despedaçado e a visão perdida, ele vagou pela floresta, guiado apenas pelo som da voz de Rapunzel em sua memória e pela esperança de um dia reencontrá-la.

Enquanto isso, Rapunzel vivia no deserto, enfrentando as dificuldades sozinha, mas sempre com a lembrança do príncipe em seu coração. Passaram-se anos, e Rapunzel sobreviveu, aprendendo a viver com poucos recursos e a suportar a solidão. Certo dia, enquanto colhia frutos perto de um riacho, ela começou a cantar, lembrando-se dos dias que passara com o príncipe.

Por um milagre, o príncipe, que ainda vagava sem rumo e guiado apenas pelo som dos próprios passos, ouviu a voz de Rapunzel e a seguiu. Com o coração acelerado, ele seguiu o som até encontrar sua amada. Rapunzel o reconheceu e correu para ele, abraçando-o com lágrimas nos olhos. Suas lágrimas caíram sobre o rosto do príncipe, e, milagrosamente, sua visão foi restaurada.

Felizes e aliviados por estarem juntos novamente, o príncipe levou Rapunzel para seu reino, onde foram recebidos com grande alegria. Eles se casaram em uma cerimônia grandiosa, celebrada por todo o povo, que ficou encantado com a bondade e a coragem de Rapunzel. Finalmente, ela pôde viver livre e feliz, cercada de amor e paz, e ao lado do príncipe que tanto amava.

E assim, Rapunzel e o príncipe viveram felizes para sempre, protegidos e amados por todos ao seu redor.

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