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O Soldadinho de Chumbo

Era uma vez um conjunto de soldadinhos de chumbo, todos idênticos, exceto por um. Essedinho tinha uma perna a menos, pois havia sido feito por último e o chumbo não foi suficiente para completá-lo. Ainda assim, ele mantinha-se firme em pé, equilibrando-se com orgulho, e tinha uma expressão determinada. Um dia, ele foi dado de presente a um menino que o colocou junto com seus brinquedos favoritos.

Ao lado dos soldadinhos, havia um castelo de papel com uma graciosa bailarina de papelão, que usava um vestido delicado e se equilibrava em um pé só, com a perna levantada. O Soldadinho de Chumbo, ao vê-la, ficou encantado. Em sua inocência, pensei que ela também tinha apenas uma perna, assim como ele, e acreditou que havia sido feito um para o outro. Ele a observava à distância, admirando sua elegância e leveza, e, com o tempo, se apaixonou por ela em silêncio.

Naquela noite, algo estranho aconteceu. Quando todos dormiam, um duende de uma caixinha ao lado começou a falar com o Soldadinho de Chumbo em um tom ameaçador.

– Não olhe para a bailarina! Ela não é para você – disse o duende.

Mas o Soldadinho de Chumbo estava em silêncio, afirmando a manter seu olhar fixo na bailarina. O duende, irritado com a teimosia do soldadinho, o ameaçou mais uma vez:

– Amanhã você verá o que vai acontecer!

Na manhã seguinte, quando o menino acordou e começou a brincar, colocou o Soldadinho de Chumbo no parapeito da janela. De repente, uma rajada de vento forte soprou, e o Soldadinho caiu para fora. Ele caiu direto na rua e foi parar na calçada, onde rolou até o meio-fio.

O menino correu para procurar o soldadinho, mas não o encontrou. Assim, o Soldadinho de Chumbo ficou ali, esperando que alguém o encontrasse. Após algum tempo, dois garotos passaram pela calçada e viram. Decidiram colocá-lo em um barquinho de papel e levaram até um pequeno riacho próximo, onde soltaram o barco para que ele navegasse.

O Soldadinho de Chumbo, mesmo em seu pequeno barco de papel, aparece firme e com a expressão destemida. Ele navegou pelo riacho, passando por pequenas correntezas e desviando de pedras. Mas, logo, o barquinho começou a se desfazer. O Soldadinho continuou corajosamente, mesmo quando o papel começou a encharcar e afundar. De repente, uma corrente o levou para um grande bueiro, e ele foi arrastado para o subsolo, até que caiu nas águas de um esgoto escuro.

Ali, no escuro, o Soldadinho foi surpreendido por um enorme peixe que o engoliu em uma bocada. Dentro do peixe, ele ficou imóvel, sem saber o que seria de seu destino. O peixe nadou por vários dias até que, um dia, foi pescado e levado a um mercado. Coincidentemente, ele foi comprado pela cozinheira que trabalhava na casa do menino.

Quando a cozinheira levou o peixe para a cozinha e o abriu, ficou surpresa ao encontrar o Soldadinho de Chumbo dentro dele. Ela o limpou e o levou para o quarto do menino, onde ele finalmente se reuniu com os outros brinquedos. O Soldadinho ficou radiante ao ver a bailarina novamente, e, embora não pudesse falar, sentiu que, de alguma forma, seu coração de chumbo estava mais leve ao estar perto dela.

Mas o destino ainda reservava um último desafio para o Soldadinho de Chumbo. Naquela noite, um dos meninos da casa decidiu queimar alguns brinquedos velhos na lareira. Sem perceber o valor sentimental do soldadinho, pegou-o e atirou-o ao fogo. O Soldadinho de Chumbo, mesmo em meio às chamas, continua com sua postura firme, mantendo seus olhos fixos na bailarina, que também fora jogar na lareira.

À medida que o soldadinho derretia, uma coisa incrível aconteceu: quando o fogo finalmente apagou, restou apenas um pequeno coração de chumbo entre as cinzas. Ele era a única coisa que não fora consumida pelas chamas, um símbolo do amor e da coragem do Soldadinho de Chumbo. A bailarina também se transforma em uma pequena figura de papel queimado, mas estavam juntos, unidos por aquele último e indestrutível coração de chumbo.

E assim, a história do Soldadinho de Chumbo tornou-se uma lenda de coragem e amor inabalável, provando que o verdadeiro valor está em manter-se firme, mesmo diante das maiores adversidades.

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