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O Flautista de Hamelin

Há muitos anos, na cidade de Hamelin , surgiu uma terrível praga de ratos. Os roedores infestaram todas as casas e estabelecimentos da cidade. Estavam por toda parte: nas despensas, nas ruas, nas cozinhas e até nas camas das pessoas. Nada parecia seguro, e os habitantes começaram a ficar desesperados. Os ratos destruíram as colheitas, comeram os alimentos estocados e fizeram buracos nas roupas e nos móveis. Era uma calamidade para o povo de Hamelin.

Com o problema crescendo a cada dia, o povo se reuniu na praça central para reclamar ao prefeito da cidade. As pessoas gritavam, exigindo uma solução para a infestação, pois já não conseguiam viver em paz.

O prefeito, ao ouvir os pedidos da população e sentir a pressão, decidiu agir. Chamou todos os funcionários da prefeitura e declarou:

– Oferecerei uma grande recompensa em ouro a quem conseguir livrar Hamelin dessa praga de ratos. Não importa quem seja, se alguém tiver uma solução para esse problema, será bem recompensado!

A notícia da recompensa foi fornecida rapidamente, mas, apesar das tentativas de muitos moradores, ninguém conseguiu se livrar dos ratos. Até que um dia, um estranho misterioso chegou à cidade. Era um homem alto e magro, vestido com roupas coloridas, e carregava uma flauta suspensa ao lado.

Ele foi convocado ao prefeito e disse com uma voz confiante:

– Sou o Flautista de Hamelin , e posso livrar sua cidade dos ratos. Mas preciso que eu prometa a recompensa que ofereci, ou não aceitei o trabalho.

O prefeito, desesperado por uma solução, prometeu ao Flautista uma generosa quantia em ouro, desde que ele cumprisse sua palavra e livrasse a cidade dos ratos. O Flautista, satisfeito com o acordo, foi até a praça central, onde todos os habitantes observavam curiosos.

O Flautista pegou sua flauta e começou a tocar uma melodia encantadora . Era uma música suave, mas estranhamente hipnótica. Logo, os ratos começaram a sair de todos os cantos da cidade. Saíram das casas, dos celeiros, dos poços e dos esgotos, atraídos pela música mágica do Flautista. Em questão de minutos, formou-se uma longa fila de ratos que seguiu o Flautista pela cidade.

Ele caminhou pelas ruas, e os ratos o seguiram, hipnotizados pela melodia. O Flautista os levou até o rio, onde todos os ratos, um a um, se jogaram na água e foram levados pela correnteza, desaparecendo para sempre. Quando a última criatura foi, uma cidade inteira comemorou. Os habitantes foram radiantes, e o prefeito, feliz por ver a cidade livre da praga, reuniu o povo para agradecer ao Flautista.

No entanto, quando o Flautista foi até o prefeito para receber a sua recompensa, o governante, avarento e mesquinho, começou a inventar desculpas. Ele disse que o trabalho do Flautista tinha sido “fácil demais” e que a quantidade prometida era muito alta para um trabalho que exigia tanto esforço. Em vez da recompensa completa, o prefeito pediu ao flautista apenas uma pequena quantia.

– Pense bem – disse o prefeito, tentando enganar o flautista. – Com essa quantidade você já pode comprar roupas e comida suficientes para vários dias. Não há necessidade de tanta ganância!

O Flautista, pensando-se insultado e enganado, olhou com desdém para o prefeito e disse em voz baixa, mas ameaçadora:

– Vocês fizeram uma promessa e a quebraram. Vou me arrepender.

Dizendo isso, o Flautista pegou sua flauta e começou a tocar uma nova melodia, desta vez ainda mais encantadora e sombria do que a anterior. Os habitantes da cidade pararam para ouvir, intrigados, sem imaginar o que aconteceu em seguida.

De repente, todas as crianças da cidade saíram de suas casas, atraídas pela música mágica. Os pais buscaram segui-las, mas, como os ratos, as crianças foram hipnotizadas pela melodia e seguiram o Flautista sem sequer olhar para trás. Ele caminhou pelas ruas de Hamelin, liderando uma fila de meninos e meninas, todos com os olhos fixos e os passos ritmados pela música.

O povo ficou desesperado e correu para o prefeito, implorando para que ele cumprisse a promessa ao Flautista. Mas já era tarde demais. O Flautista continuou a tocar e levou todas as crianças da cidade até as montanhas. Ao chegarem lá, uma grande caverna se abriu, e o Flautista entrou, seguido por todas as crianças. Assim que a última criança entrou, a caverna se fechou, e nunca mais se ouviu falar das crianças de Hamelin.

A cidade ficou em luto profundo, e os pais, desolados, jamais esqueceram a dor de terem perdido seus filhos. O prefeito, que tinha sido o causador da tragédia, foi severamente criticado e desprezado pelo povo. A partir daquele dia, o povo de Hamelin aprendeu uma dura lição sobre a importância de cumprir promessas e honrar compromissos.

No entanto, havia uma única criança que não seguiria o Flautista. Ela era uma menina que não podia andar bem e, por isso, ficou para trás, longe da música encantadora. Mais tarde, foi ela quem contou ao povo o que havia acontecido nas montanhas e a última visão que teve o Flautista levando as crianças para dentro da caverna.

A história do Flautista de Hamelin deixou-se pelo mundo, e a cidade ficou marcada para sempre por essa tragédia. Desde então, Hamelin foi lembrada como uma cidade que não honrou sua palavra e pagou um preço terrível por isso.

E assim, o povo de Hamelin viveu o resto de seus dias com tristeza, sempre lembrando da promessa quebrada e do preço que pagaram por sua avareza.

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