
Era uma vez um alfaiate pobre, mas muito esperto e determinado. Ele trabalhou em sua pequena loja costurando roupas e remendando trajes para o vilarejo onde morava. Certo dia, enquanto tomava seu café da manhã – um pedaço de pão com geleia – um enxame de moscas começou a voar ao redor, tentando parar em sua comida. Irritado, o alfaiate pegou um pedaço de pano e deu uma tapa rápida sobre o pão. Para sua surpresa, ele havia matado sete moscas de uma só vez .
Orgulhoso de seu feito, ele decidiu que o mundo precisaria saber da sua “força” e “bravura”. Assim, ele costurou uma faixa e escreveu nela: “Matei Sete de Uma Vez” . Com a faixa amarrada no peito, o alfaiate decidiu partir em uma aventura, acreditando que estava destinado a coisas grandes e imaginando que essa conquista mostrava o quanto ele era valente.
Antes de sair, ele colocou no bolso um pedaço de queijo duro e guardou um passarinho que encontrara preso em uma armadilha, pensando que poderia ser útil em sua jornada. Com esses poucos itens, ele segue caminho afora, orgulhoso e ansioso para encontrar novas aventuras.
Enquanto caminhava, o alfaiate chegou a uma colina onde encontrou um enorme gigante sentado ao pé de uma árvore. O gigante notou a faixa no peito do alfaiate e, curioso, perguntou:
– “Matei Sete de Uma Vez”? Sete o quê?
O alfaiate, querendo impressionar o gigante, respondeu com confiança:
– Sim, sete de uma vez! E, se necessário, posso fazer muito mais!
Intrigado com a coragem do pequeno homem, o gigante decidiu desafiá-lo para provar sua força. Ele pegou uma pedra e a aberturau com tanta força que conseguiu espremer água dela. Olhando para o alfaiate, o gigante disse:
– Se você é tão forte, aperte essa pedra e esprema água dela também.
O alfaiate, percebendo que seria impossível espremer uma pedra, descobriu-se rapidamente. Ele pegou o pedaço de queijo duro que guardou no bolso e apertou-o com força até que saísse um pouco de líquido. O gigante, acreditando que o alfaiate havia espremido uma pedra, ficou parecido, mas não satisfeito.
– Muito bem, pequeno, mas vamos ver se você consegue fazer o mesmo com este desafio. – disse o gigante, pegando outra pedra e arremessando-a para o alto, tão alto que ela demorou um bom tempo para cair de volta. – Agora é sua vez. Vamos ver se consegue alcançar algo ainda mais alto.
O alfaiate pegou o passarinho que estava em seu bolso e o lançou para o céu. O pássaro, claro, voou para longe, desaparecendo entre as nuvens. O gigante, sem perceber o truque, ficou ainda mais percebido, pois pensei que o alfaiate realmente havia lançado algo tão longe que nunca mais voltaria.
O gigante, admirado com a “força” do alfaiate, ainda tinha um último desafio em mente. Ele levou o alfaiate até uma grande árvore e disse:
– Vamos ver se isso pode me ajudar a carregar esta árvore.
O alfaiate, esperto como sempre, sugeriu que o gigante carregasse o tronco enquanto ele carregava os galhos e a copa. No entanto, assim que o gigante estende a árvore sobre os ombros, o alfaiate se acomoda em um dos galhos e deixa o gigante carregar todo o peso sozinho. O gigante caminhou, carregando a árvore e o alfaiate sem perceber o truque.
Após algum tempo, o gigante, exausto, parou para descansar. Impressionado com a “força” do alfaiate, decidiu levá-lo até o castelo do rei, onde contaria sobre as habilidades do pequeno homem. No castelo, o rei pegou a história do alfaiate valente que havia “matado sete de uma vez” e ficou cara a cara com um gigante.
O rei, que enfrentou um problema com dois gigantes que causaram destruição no reino, não viu alfaiate uma solução. Ele prometeu-lhe grandes riquezas e até a mão de sua filha em casamento, caso conseguisse derrotar os dois gigantes que aterrorizavam as redondezas.
O alfaiate, que soube mais sobre a esperança do que sobre a força, aceitou o desafio. Ele pediu ao rei algumas providências e foi ao encontro dos gigantes. Ao encontrá-los, o alfaiate descobriu que os dois gigantes dormiam sob uma árvore enorme. Decidiu, então, armar um plano.
Ele pegou algumas pedras e, subindo em um galho alto, atirou-as nos gigantes adornados. Ao serem atingidos, cada gigante pensou que o outro havia dado um soco. Irritados, passaram a brigar entre si, até que, de tanta confusão e golpes trocados, os dois acabaram derrotando um ao outro, caindo desmaiados.
O alfaiate, satisfeito com o sucesso de seu plano, voltou ao castelo e anunciou que os gigantes haviam sido derrotados. O rei, visto com sua astúcia, cumpriu sua promessa e ofereceu-lhe um lugar de honra no reino, além da mão da princesa em casamento.
Mas as aventuras do alfaiate não pararam por aí. Algumas semanas depois, os soldados do rei começaram a ficar preocupados e desconfiados do novo herói, questionando se ele era realmente capaz de proteger o reino. Eles começaram a sussurrar entre si sobre a veracidade de sua força. Percebendo os rumores, o alfaiate decidiu dar-lhes uma lição.
Durante a noite, ele pediu um servo que o acordasse de madrugada, fingindo que havia uma urgência. Ao ser “acordado”, o alfaiate começou a murmurar em voz alta, fingindo estar falando enquanto dormia:
– Tragam sete… sete de uma vez! Vou mostrar minha força para eles…
Os soldados, ao ouvirem suas palavras, permaneceram apavorados, pois acreditavam que o alfaiate estava preparado para derrotar sete homens de uma vez. Desde então, ninguém mais duvidou de sua valentia.
Assim, o alfaiate viveu em paz no reino, conhecido por sua esperança e coragem, e sempre lembrado como o alfaiate que “matou sete de uma vez”.
E viveu feliz para sempre, com o respeito de todos no reino, conhecido como o valente alfaiate.