
Era uma vez, em um reino muito distante e próspero, um rei e uma rainha que viviam em um castelo grandioso. Eles eram amados por seu povo, governavam com justiça e bondade, mas carregavam uma tristeza profunda: apesar de todos os anos de casamento, não conseguiam ter um filho. A cada primavera, a rainha ia aos jardins do castelo e rezava aos céus, pedindo que lhe concedesse o presente de ser mãe.
Um dia, finalmente, suas preces foram atendidas. A rainha descobriu que estava grávida e, quando a notícia se espalhou pelo reino, todos comemoraram com grande alegria. O rei, tomado de felicidade, decretou que, assim que o bebê nascesse, haveria uma grande festa para todos os habitantes do reino, e ele faria o maior banquete já visto. Quando a princesa nasceu, ela era tão linda, com cabelos dourados como os raios do sol e uma pele suave como pétalas de rosa, que decidiram chamá-la de Aurora, pois sua beleza era como o brilho da aurora, trazendo luz e esperança para o reino.
Os preparativos para a festa começaram imediatamente, e o rei e a rainha convidaram não apenas todos os nobres e reis de reinos vizinhos, mas também as fadas que viviam nas florestas mágicas. As fadas eram conhecidas por seus dons extraordinários, capazes de conceder bênçãos mágicas e poderosas. Entre elas estavam as sete fadas mais sábias e bondosas, que prometeram dar à princesa Aurora dons especiais para protegê-la e abençoá-la ao longo de sua vida.
No dia da grande festa, o castelo estava lindamente decorado com tapeçarias de seda, flores de todas as cores e mesas repletas de iguarias. Os salões ecoavam com a música alegre dos trovadores, e o povo dançava e cantava em celebração. Quando chegou o momento de as fadas darem suas bênçãos à princesa, todos se reuniram no grande salão, onde a pequena Aurora repousava em um berço de ouro coberto com véus delicados.
A primeira fada se aproximou com um sorriso caloroso e, com um gesto suave, tocou a cabeça da pequena Aurora. “Eu te dou o dom da beleza“, disse a fada, “você será a mais bela de todas as mulheres, com uma graça e encanto que farão todos ao seu redor se maravilharem.” A princesa dormia tranquilamente, sem saber das bênçãos que recebia.
A segunda fada, vestida com um manto brilhante, levantou sua varinha e disse: “Eu te dou o dom da inteligência. Você será sábia, com um coração justo e cheio de compaixão, capaz de tomar boas decisões e liderar seu povo com bondade.”
A terceira fada sorriu e disse: “Eu te dou o dom da musicalidade. Sua voz será como o canto dos pássaros, capaz de acalmar corações e trazer alegria a todos que a ouvirem.”
Assim, as fadas foram dando seus presentes um a um, cada bênção sendo mais maravilhosa que a anterior: bondade, coragem, paciência e generosidade. Quando a última fada estava prestes a conceder seu presente, as portas do salão se abriram de repente com um estrondo terrível. Todos se viraram para ver uma figura sombria entrar no salão, envolta em uma capa negra. Era uma fada antiga e poderosa que havia sido esquecida da lista de convidados.
Com um sorriso amargo e uma aura de escuridão ao seu redor, a fada antiga caminhou até o berço de Aurora. O rei e a rainha, em choque e medo, tentaram implorar por perdão, mas a fada antiga levantou a mão, silenciando a sala. “Como ousam não me convidar?”, disse ela, com a voz cheia de raiva. “Agora, eu também darei um presente à princesa.”
O salão ficou em completo silêncio enquanto a fada antiga lançava sua terrível maldição: “Quando a princesa completar 16 anos, ela espetará o dedo em um fuso de uma roca e morrerá!” Todos gritaram de horror. A rainha desabou em lágrimas, e o rei implorou por misericórdia, mas a fada antiga já havia decidido seu destino. Com uma risada cruel, ela desapareceu em uma nuvem de fumaça negra, deixando o salão mergulhado em medo.
No entanto, a última fada, que ainda não havia dado sua bênção, se adiantou. Embora não pudesse desfazer completamente a maldição de Malévola, ela poderia amenizá-la. “A princesa não morrerá”, disse a fada bondosa. “Em vez disso, ela cairá em um sono profundo que durará 100 anos, e só será despertada pelo beijo do verdadeiro amor.”
Embora o rei e a rainha se sentissem aliviados por saber que a filha não morreria, ainda estavam preocupados. O rei, determinado a proteger sua filha, ordenou que todas as rocas e fusos do reino fossem destruídos. Guardas foram enviados por todas as cidades e vilarejos, recolhendo e queimando cada roca encontrada. Durante 16 anos, o reino viveu em paz, e Aurora cresceu, tornando-se a jovem mais bonita, gentil e sábia que já existiu, como as fadas haviam previsto.
Porém, no dia de seu 16º aniversário, enquanto o castelo estava em festa, Aurora, sem saber de seu destino, passeava pelos corredores do castelo. Curiosa, ela encontrou uma escadaria antiga que levava a uma torre que ela nunca tinha visto antes. Lá, em uma sala poeirenta, uma velha mulher estava sentada fiando em uma roca. A velha, que na verdade era Malévola disfarçada, sorriu para Aurora e disse: “Venha, minha querida, experimente fiar comigo.”
Aurora, sem desconfiar de nada, se aproximou e, com a curiosidade própria da juventude, tocou no fuso. No instante em que o fez, ela sentiu uma pontada no dedo e, como um raio, a maldição se cumpriu. Aurora caiu em um sono profundo, e o corpo da princesa foi colocado em uma cama coberta com os mais belos véus, como se estivesse apenas dormindo.
O rei e a rainha, desolados, pediram ajuda à última fada, que lançou um feitiço sobre todo o castelo, fazendo com que todos no castelo caíssem no mesmo sono. O feitiço duraria até que Aurora fosse despertada pelo beijo do verdadeiro amor. Além disso, uma floresta espessa e cheia de espinhos cresceu ao redor do castelo, tornando-o invisível para o mundo exterior, para que ninguém pudesse perturbá-los.
Os anos passaram, e o castelo caiu no esquecimento, transformando-se em uma lenda contada por gerações. Muitos príncipes, movidos pelas histórias de uma bela princesa adormecida, tentaram atravessar a floresta de espinhos, mas nenhum deles conseguiu. Os espinhos eram impenetráveis, e muitos se perderam ou desistiram.
Então, um dia, um jovem príncipe, corajoso e de coração puro, ouviu falar da história da Bela Adormecida e decidiu tentar sua sorte. Ele viajou por longas semanas até encontrar a floresta mágica, e com muita coragem e determinação, conseguiu abrir caminho através dos espinhos. Quando finalmente chegou ao castelo, encontrou todos os seus habitantes dormindo profundamente, como se o tempo não tivesse passado.
Ao subir a escadaria da torre, o príncipe encontrou Aurora, adormecida em sua cama. Ele ficou maravilhado com sua beleza e, movido por um sentimento inexplicável, se aproximou e a beijou suavemente nos lábios. No mesmo instante, o feitiço foi quebrado. Aurora abriu os olhos, e, ao ver o príncipe, sentiu seu coração disparar. Todos no castelo despertaram ao mesmo tempo, e o reino voltou à vida.
Aurora e o príncipe se apaixonaram imediatamente, como se estivessem destinados um ao outro. Pouco tempo depois, eles se casaram em uma grande festa, ainda mais esplendorosa que a festa de seu nascimento. O reino, que havia ficado adormecido por 100 anos, voltou a florescer, e Aurora e o príncipe viveram felizes para sempre, governando com amor, justiça e sabedoria.
E assim, a história da Bela Adormecida passou de geração em geração, como um conto de amor verdadeiro, coragem e a vitória do bem sobre o mal.